«O Peixe de Herberto»©FMG

sábado, 23 de abril de 2011

Cartaz

Por G. Castro Felga
#12

Para Padre Francisco Fanhais

Na cama, um menino lia folhas de filosofia e dedilhava cordões de uma guitarra idosa.
Não sabemos. Foi há muitos. Muitos anos. Não sabemos se era alegre e brincava com os outros ou se era triste e brincava com os outros. Certo é que brincava com os outros.
Sonhava ser filósofo e escritor de poemas a que pudesse chamar canção.
Diz o Chico, que ele escreveu as primeiras tretas* num caderninho à luz de uma lanterna que chamava Revolução.
Tudo o que este menino sonhava ficava escondido sob os cobertores da cama, protegidos da escuridão.
Quando Abril aqui chegou, não sabiamos se ele era triste ou alegre. Já era homem e saía a rua para brincar com os outros. Da filosofia fez letras e mais letras, acordes e mais acordes, todos em clave de Sol e nos caderninhos, sempre à luz da lanterna Revolução, ele assinava, muito depressa,: Zeca, pastor de inquietação.
©

*José Afonso, costumava chamar «tretas» às canções que compunha.

Sem comentários:

Enviar um comentário