«O Peixe de Herberto»©FMG

domingo, 15 de maio de 2011

Cartaz

©Frederico Mira George



#31

Iam mostrando pelas ruas de Sevilha como eram um casal prodigioso. Conversavam em voz gritada. Vestiam capa de turista e junto ao grande teatro e demoravam-se em beijos longos, ardentes, espampanantes. Claro que só metade do espetáculo era amor exacto, a outra metade era arte límpida. Viviam a movida sevilhana em permanente actuação. A fórmula perfeita: amavam-se e do amor faziam esculturas vivas de brutalidade física.
Lorca, consumou-se fuzilado numa praça de touros. Até no seu momento final ele esteve do lado certo, o do touro.
Dali, morreu antes de ser cadáver. Abandonou a alma e ficou só corpo no dia em que renunciou a Federico. Dali, toureiro.
Para felicidade de ambos, não se devem voltar a cruzar. A eternidade não seria tão cruel.
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