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©Frederico Mira George |
#33
A janela era a moldura. Durante a trovoada o céu trouxe todo o firmamento para um só plano. As cores eram tão oleosas e espatuladas, com matéria palpável, que se diria ter estado a percorrer uma passagem de telas de coloração semelhante às da polaroide.
A trovoada de ontem, vista em estampas com o ornato da janela da estufa, conferiu-me a certeza de que tudo o que apeteço criar já existe e está no páramo do Olimpo.
No terror a que esta constatação me sujeitou, encarei a cama e fui tentado a uma promessa: «Aqui ficarei, fixo, encarnando religiosamente cada ilustração telúrica e fixando-as uma-a-uma, rubricarei nelas o nome que me deres».
©
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