«O Peixe de Herberto»©FMG

sábado, 7 de maio de 2011

Cartaz

©Frederico Mira George



#24

«Suponho que se quisermos incorporar os escritos da nossa história devemos fixar o passado como se fosse a vida de outro ser.»
A filosofia tem crueldades destas. Ninguém cobiça incorporar os escritos da sua crónica. Ou há gente assim? Não percebo...
«Fixar o passado como se fosse a vida de outro ser»[?], mas nós não sabemos nenhuma vida que não a nossa. É crueldade pura pôr as coisas assim. Seguir estes passos, fixar o passado como se nosso não fosse e projetar cada evento num hipotético ser alheio, é deixar-nos sem veias, sem células mortas, sem traços do que sucedemos.
Segui andando e tentei evitar o pensamento. A filosofia faz-me mal. No entanto, habito no seu estômago, o lugar impuro onde tudo o que somos é digerido como esclarecimento estatístico.
O assomo não me abandonou à medida que caminhava. Ainda assim consegui fazer uns desenhos no caderno, utilizando um parte esconsa do cérebro para aproveitar o Sol.
©

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