«O Peixe de Herberto»©FMG

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cartaz

©Frederico Mira George


#34

Enquanto fumava um último cigarro – ritual diário de treino para o sono –,  Ocorreu-lhe que apesar de toda a dileção e oblações amorosas, ser-lhe interdito partilhar os «territórios» encobertos da mente de O (ou mesmo as recordações que ele sabia subliminares em alguns dos olhares dela), dava origem a um estremecer quotidiano que o fazia receoso e timorato.
Já apagado o cigarro, enquanto desfruía do silêncio que sempre precedia os estrépitos maldosos do sono, arrependeu-se destes pensamentos. Afinal, se lhe fossem abertas as portas desses «terrenos» o seu temor seria muito maior. Jamais saberia lidar com o universo reservado de O. Principalmente porque até talvez nem existisse, ou pior, existindo, fosse um espelho rigoroso do seu.
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